sábado, 27 de dezembro de 2008

Medidas



Ando tropeçando em minhas sombras,
Esquecendo a fundura do meu ego.
Quantas léguas se distanciam meus pensamentos
E quantos litros de saudades já bebi!
Loucuras a parte,
Que régua mediria
A distância da minha razão
Frente a loucura dos outros?
Horas, minutos, segundos,
Sintomas somente sentidos
Depois de trinta brumários.
Tempo medido,
Pela inconstância do verbo,
Pela insistência do relógio
A apontar-me os anos perdidos.
Quero, agora ,parar de tropeçar
Nos erros de minh’alma.
Parar de medir com régua e compasso,
Os passos de minha vida!
Chega de ser pouco na vida que muito me pede!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Sósia de Jesus -capítulo 02

CAPITULO 02

Boris crescia a olhos vistos, com madeixas loiras e um olhar hora frio e distante, hora envolventes e calorosos.Divertia-se vendo os comerciantes na praça e o movimento da cidade.
Seu pai, comerciante rico e próspero, pouco ficava no convívio com a família, deixando a Hava, o encargo de cuidar dos negócios na cidade; coisa rara para as mulheres da época; os cuidados com a educação de Boris e os afazeres de casa. Mesmo contando com alguns empregados, Hava gostava de ter tudo às rédeas curtas,especialmente da educação de Boris.Nas vezes que Razi,pai de Boris, estava em casa, ensinava ao filho as línguas que conhecia, querendo assim educar o filho para futuramente gerir os negócios da família.
Boris era aplicado e gostava de encontrar comerciantes de toda parte e mostrar seus dons com as palavras, falando quase sem sotaque, aramaico, grego, persa e latim.Aos doze anos, um garoto dessa idade e com esse conhecimento era mais que um prodígio, dando a Boris prestígio e admiração entre os comerciantes ricos, amigos de seu pai, entre as garotas e até alguns garotos.Apesar disso, ele não fazia alardes quanto aos seus amores e paqueras.Seu porte e sua cultura atraia muitos rapazes mais velhos entre eles um certo Judas de Queriote.Um rapaz mais velho que ele uns cinco anos e que gostava de política e com um olhar ambicioso.Pensava até que Judas queria sua amizade por causa de sua classe social.Forte, não muito alto, com cabelos encaracolados e pele morena,andava sempre bem vestido e não escondia seu gosto por coisas caras assim como não escondia o ódio por Roma.Sempre que conversavam, invariavelmente o assunto vertia para os ditames de Roma e do quanto o governo era subjugado por algum imperador romano.Hora ou outra comentava a boca pequena sobre os zelotes e o que tramavam contra os romanos.Pedia aulas de latim a Boris em troca de algumas moedas e favores.Boris não fazia questão das moedas, tanto que cobrava muito menos que alguns professores, mas os favores...ah..estes sim fazia questão de merecer.Gostava de sentir que dominava um homem forte como Judas, fora os carinhosos beijos que nem as mulheres do baixo mercado davam.
Hava sabia dos gostos do filho por aquele pardo mas fechava os olhos e preferia nestas horas cuidar dos negócios.Queria ter dinheiro o bastante pra mandar Boris a Hébron, perto do pai e longe dessas amizades que levavam seu filho a perdição.Hava orava dia e noite para que o filho abrisse os olhos ás leis e seu povo.Muitas vezes brigava com Boris para que ele pelo menos usasse o quipá.Mas ele sabia como dobrar aquela “idishe mame”,pegava ela pelo colo e rodava até ela gritar que estava tonta e que ele iria machucar a coluna,largava Hava sentada rindo e se recompondo, vendo o filho sair rindo e cantando músicas de sua infância, músicas essas ensinadas por ela.Mesmo esses carinhos não eram o bastante pra que ela suportasse aquele pardo em sua casa.
Numa tarde,Judas bateu a porta da casa,porém Boris não estava.Hava aproveitou para chamar Judas para uma conversa.Levou-o para o jardim interno do pátio, acenando para uma das cadeiras como que ordenando para que ele se sentasse nela.Judas pressentia que a conversa não seria agradável e até fez menção de ir embora, sendo interrompido bruscamente.
-O senhor é de onde mesmo?-perguntou Hava.
-Minha família é do sul de Hébron,sou filho de Simão de Queriotes, senhora!
Logo Hava viu que seus planos de mandar seu filho a Hebron náo era boa idéia.
-Vou ser muito sincera,não gosto desta amizade com meu filho ,muito menos dos rumos que ela está tomando.Como sabe, somos uma família conhecida aqui em Bethlehem e já ouço comentários de suas visitas a minha casa.
-Minha senhora, não veja mal na nossa amizade pois seu filho para mim é como um irmão mais novo, a quem protegeria com minha vida, além de que nossa amizade se resume as aulas de latim que ele ministra quase que por dó sendo que me cobra bem menos que qualquer outro professor desta cidade.
-Quanto o senhor desejaria para deixar minha família em paz?-perguntou com os olhos faiscando.
-Não seria o caso senhora...
-Eu insisto em lhe prouver algum dinheiro para que ache outro professor que não meu filho.
-Sendo assim, senhora,cinqüenta moedas seriam o bastante para pagar um bom professor fora da cidade.
-Está de brincadeira...no mínimo trinta moedas e não mais.
-E o que explicaria a Boris?
-Disso cuido eu!-disse Hava já esticando um saco com trinta moedas à Judas.
Acompanhou Judas até o portão e sentiu um misto de satisfação e ódio.Satisfeita por livrar seu filho daquela companhia nefasta e ódio por ter que abrir mão de seu tão suado dinheiro. Agora poderia até apresentar a filha do rabino a Boris!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O SÓSIA DE JESUS

CAPÍTULO 01

A noite calma e tranqüila em Bethlehem foi cortada por gritos e choros por toda cidade e o pequeno Boris se encolhia a cada grito de desespero das mães que perdiam seus filhos pelas pontas de espadas dos guardas de Herodes.Hava, já previa esta barbaridade.Filha de pessoas influentes dentro do governo, soube da busca desenfreada ao chamado a boca pequena de Rei dos Judeus.Dias antes tinha visto alguns abutres do governo fazendo um censo em busca de crianças nascidas a menos de um ano.”Não meu pequeno Boris!” pensava ela sufocando o pequeno entre seus seios.Com quase dois anos, Boris já estava armado com quase todos os dentes.Estava com o bico do peito de sua mãe entre os lábios...estava bom mas queria ver o que estava acontecendo lá fora.Queria colocar a cabeça pra fora da coberta e só havia um jeito, morder sua mãe!Hava sufocava sua dor tentando salvar seu filho.
Logo ela viu que foi uma péssima idéia esconder Boris entre seus seios,olhou para os lados e viu duas ânforas enormes onde guardava azeitonas e não pensou duas vezes;iria colocar Boris lá!
Já ouvia os guardas perto da porta de Fruma, que no verão passado teve um casal de gêmeos. Ouvia os gritos de Fruma e seu esposo. Depois de muitos gritos e sons de luta, notou que não ouvia nem os choros das crianças nem de Saul, marido de Fruma. Somente o choro de Fruma narrava o final trágico dessa família. Os guardas já batiam a sua porta...
-Abra... aqui é a guarda de Herodes.Abra!
- Já vai estou me vestindo.
Nem bem Hava destrancava a porta, foi empurrada com força e viu os guardas entrarem pela sua casa.Gritavam perguntando onde estava a criança.Ela gritava dizendo que seu filho havia morrido no inverno passado e seu marido levou o corpo para Ramallah, na terra de seus sogros.
Depois de muito procurarem e baterem em Hava, eles se convenceram que lá não havia nenhuma criança e foram continuar a busca.Hava respirou aliviada, apesar da dor latente no seu braço e na sua cara.Correu para ver como estava Boris pois não ouvia nem um choro de seu filho.Ela foi correndo até a ânfora de azeitonas,tirou a tampa e viu a mãozinha de Boris espremendo uma azeitona.Foi desenterrando ele daquele monte de azeitonas e viu seu pequeno filho sorrindo, talvez pensando que era algum tipo de brincadeira de esconder.Mal sabia o quanto o destino de Boris estava cruzado com o de Jesus!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Teimosia

Paraíso, nem com luneta vejo,
distante dos olhos,
intocável a alma,
"não mereces!" brandam os anjos!

Vago a esmos,
por entre igrejas, templos,
vou de joelhos aos pés dos santos,
lhes rougando um pouco de paz.

Paraíso, tão distante,
mas pra que tão longe,
se ao lado do amor,

Se recostado em seus ombros,
paraíso maior encontro.
Dane-se a busca do inalcançável!


PRESENÇA

Sou eu na sua estante,
sou eu no silêncio do seu quarto,
na frase incompleta ao telefone,
no sinal verde do cruzamento do teu coração.

Sou eu que me jogo no abismo dos teus beijos,
me cego com teu olhar,
me afogo no mar do teu nome a me cercar,
me refaço no teu abraço.

Tudo em você é nascente de mim,
tudo em mim exala o pensamento em ti.
Meu eu só é mais"eu" quando tem você.

Se em mais de duas palavras encontro você
se em meu dicionário quase tudo significa você,
és mundo, universo;meu começo e meu fim .

SEM PERDÃO




Perto da escória,


Mundo imundo!


Perto do breu,


Resto do resto de Deus.





Ira é pouco.


Ódio é louco.


Loucura é grande,


De mal ,fazer ao mundo!





Animais sem uso.


Descaso de toda humanidade,


Refaz motocontínuo, de ódio e ira





Onde nada merece carinho,


Nada almeja evolução,


Onde tento inutilmente cessar em mim, sem perdão!

Poeta?

Lembrei de uma garota do meu tempo de Redator Auxiliar que me fazia festa dizendo que eu tinha nome de poeta!Sei lá ...nunca achei que poeta tinha nome certo...ou o contrário.Imagine, Paulo Coelho é nome de escritor mas ele poderia ser matemático,Ciro dos Anjos,confesso ser um nome bem poético,mais que Paulo Coelho, foi poeta,pouco conhecido mas foi, e é nome de rua, a rua que morei.
Bem até que seria bom ter um livro editado com o meu nome na frente mostrando que eu sou autor daquela obra...imagine..ouvir comentários de leitores, eu sentado perto.."nossa esse Carlos Augusto escreve cada coisa!!!" sem saberem que o dito cujo está ouvindo...minha noite de autografos.. e a fatídica e necessária crítica,se já não bastasse a auto-crítica!Sim..tem poesias que nem sei porque não joguei fora....
Ando escrevendo poucas poesias...tenho tido tão pouco tempo pra esse prazer, mas sei que o poeta não morreu.
Já que não escrevi nenhuma poesia nos últimos dias, deixo aqui uma das minhas preferidas do ano passado!

DAS COISAS QUE ME VÃO

Do mundaréu de informações,
Lotando mais e mais minha cabeça,
Das reclamações do mundo,
Pensando que consertarei seu caos.

Tenho pensado seriamente,
Não que tenha brincado até então,
Em achar um modo de entender
As coisas que me vão ao coração.

Das tristezas dos dias e de suas pseudo-alegrias
Das decepções e das coisas que me pegam de sopetão.
Entre os dias que se entediam de mim e do tédio de Deus
-Deus, não tinha coisa melhor pra fazer nesses sete dias?

Nesse mundinho onde escondo meus pensamentos
Dos seres pensantes e de suas ignorantes crendices,
Da minha ignorância frente ao que desconheço
Vou me ignorando o tempo todo

Ludismo, naturismo e tantos “ismo”,
Pra justificar nossos passatempos e neuras.
Passa o tempo e o tempo vai nos acabando.
E vou me esquecendo das coisas que me vão ao coração.

Mas que coração é este que não se cansa,
Que se comove com minha solidão,
Que interage com minhas alegrias?
E me impele a amar e sofrer com ausências.

O que me vai ao coração,
Impede-me de pensar,
Aniquila qualquer ação.
Forte coração que pode um mundo modificar!

Re-editando


Passeando pelos perfis dos meus amigos e amigas mais antigas que estão no orkut;mal necessário;comecei a ver tudo o que me aconteceu nesse meio tempo...a primeira vez que deixei o Brasil, as pessoas e os lugares,, que conheci depois disso ,meu casamento e comecei a pensar como foi a vida dessas pessoas ,me enveredei por caminhos nunca antes navegados!

Abri um mar de acontecimentos dentro da minha cabeça:algumas casaram,tiveram filhos,outras ainda estão solteiras mas todos nós nos tornamos gente grande...crescemos e viramos os adultos que criticávamos ou víamos passar resfolegando atrás de um tempo que correu mais rápido que seus pés poderiam alcançar!

Lembro muito bem de um dia que estava eu,Caio,Júlia e Délcio,todos com seus 16 anos menos eu , o mais velho da turma...sentados na varanda da casa da Datilografia do Bradesco, lá na Cidade de Deus..onde passei meus primeiros 15 anos de vida tentando saber o que é vida.

Passavam senhores engravatados, sombrios e cheios de macaquinhos no sótão!!

Começamos a dar notas a cada um...o que avaliavamos??Grau de liberdade...sim o quanto pareciam libertos daquela opressão chamada :ser adulto!!

Sim se adulto é ter uma das pernas presas a algo....pelo menos viamos assim a vida que nos reservava mas negávamos a todo custo...

Que notas eu receberia se me visse passando??

Tenho uma esposa e uma filha.Tenho um trabalho e algumas coisas,entre elas, esse blog.

A visão de adulto que tínhamos era até certo ponto certa...mas acho que não víamos a grandeza de tudo isso...a complexidade dos fatos e das situações...

Os ditos rótulos.Ninguém gosta de receber mas todos nós rotulamos as coisas...presta ou não presta, me é agradável ou não!

O fato é que ficar adulto é apenas e meramente mais um rótulo do que o fato em si...talvez ficar realmente adulto seja ter conciência da sua liberdade e da sua cumplicidade com o que lhe rodeia.

Vazando





Por entre os dedos se esvai,
Pura, rara, cara.
Adentra os vãos dos dedos,
E ganha mundo...

Pela boca sai,
Cuspida,pesada, rápida!
Adentra os ouvidos,
ganha um mundo...

Pela frente dos olhos vai,
lentamente,inevitável,mordaz!
Levando meu mundo!

Tempo que escorre,
palavra mal dita,
a vida que corre!

Jogando tudo

Joguei a toalha,
as frases feitas,
os almoços de domingo,
frases monossilábicas!

Joguei fora os recados,
anotações sem sentido,
olhares pra cima,
sábados intermináveis.

Quero mais de nós,
mais grito, mais agito,
Quero ser barco de papel em mar revolto!

Quero mais da vida,
sem exagero, quero o copo cheio.
Joguei meu minimalismo!

Olhar Inocente





Pela janela posso ver,
O futuro iniciado,
O passado inacabado,
O presente persistente!

Fez o homem, maravilhas,
Causa, o homem, tanta dor,
Antagonismo do sistema.
Rimam tão facilmente, dor com amor!

E onde caberia meu olhar?
O ludismo infantil,
As cores que os adultos não vêem!

Quero mais do que essa tosca realidade.
Quero meus olhos crendo no que vêem.
Da vida e do mundo posso fazer muito mais!

Espera do perdão




Sinto o dedo de Deus em riste
E o olhar dos homens
Espreitando minha vida,
A espera de meus erros.

Vida pequena,lida grande,
Vagalhão de ilusões
Com pequenos mimos
E grandes temores.

O olhar pedindo perdão,
Fitando o alto,
Esperando ser atendido.

E o silêncio se faz onipresente
Desestruturando meu futuro.
Pudera pelo menos uma vez ,um olhar me salvar.

Poderosa



O que me afligia,
já não me aflige mais,
e o tempo que consome as vísceras,
hoje é companheiro sagaz.

Faço das horas,séculos de espera,
poder que só o amor é capaz,
faz dos atrazos,quimeras,
faz de tua visão, uma festa.

Banquete pros olhos,teu corpo,
alívio pro calor, seu toque,
Hoje o que me afligia,passou com teu olhar!

Já se faz o tempo, mero detalhe,com tuas palavras,
escorre como a água de nosso banho,
poder esse que só o amor nos concede!

DESCUIDO











Entre o sonho e o sol,
Existe uma noite inteira,
Onde ficamos a desmembrar as horas,
Regurgitar desejos.

Queria a vida que eu fosse vencedor,
Mas teimo eu, me contentando,
Com os murmúrios de vencido
Com a inglória do esforço vão!

E entre o desejo e o ter,
Mísera condição humana,
Sobra-me apenas o pensamento.

Queria eu não levar a vida de vencida,
Já antevendo o passo em falso.
Restando apenas o breve tempo entre o sol e o sonho!

Cinza


Tão cinza ....sem cor.

mas pode o amor nascer das cinzas,

Fênix insistente,

faz e se refaz a cada nova manhã.

Entre beijos e adeus!

Bom serviço e até logo.

Cuide-se e me deixa em paz...

tão cinza ...sem cor ...

e quem diz que cinza não é cor?

cinza não é triste ...é sóbrio.

cinza não é tédio...é sério.

cinza vislumbra não ser claro como o branco,

escuro e sombrio como o preto.

Ponto equidistante de tons,

equilibrando fotos, imagens, paisagens.

chego a conclusão:o amor tem de ser cinza pra dar certo!

Nem tanto a um nem pouco a outro,os dois tons pra nascer uma cor!

MUTANTE

Ultimamente sou um estranho em mim,
Meus olhos vêem coisas diferentes de outrora,
Entre cores e formas, vejo somente borrões
Esboços do que seria a realidade

Ultimamente me sinto mudado
Ouço sons e chamados que ninguém mais ouve,
Me viro a cada passo,
Ouvindo chamar-me exasperadamente.

Não me reconheço no espelho,
Olhos soltos no infinito,
Vendo além da minha imagem

Assim sou eu sem você,
Sobrevivendo a esmo,
Mutante, sombra de mim.

Romance em Copacabana




Das ondas puladas,

dos pedidos a Iemanjá.

A onda que mais tive prazer em pular

foi a que juntos de mãos dadas , pulamos.


Já era tarde e as estrelas nos vigiava,

talvez com medo da cumplicidade

dos beijos lascivos e molhados,

das mãos ainda entrelaçadas.


E talvez fosse os ares de Copacabana,

do romance que o Rio de Janeiro tem,

mas não mais soltamos nossas mãos.


Já raiava o sol e o azul do céu indagava:

pode amor maior em terras cariocas??

Pode sim, o Poetinha , consentia!!

O MUNDO E EU



Algo que não compartilho com o mundo
São minhas dores e meus temores.
Não que eu me queixe,
São minhas quimeras e delas não abro mão!
Esquisitices a parte,
Os meus temores são comuns a todos,
Sorte dos condenados,
que tem hora e dia marcado pra morrer.
Tememos sair de casa, de voltar pra casa.
Medo de avião, medo de barco,
Medo de barata, medo de monstros...
Somos o que nossos medos nos deixam ser,
Ou que nos sobra pra ignorar.

Algo que o mundo
Não compartilha comigo são suas alegrias.
Mas delas não faço questão,
Não me iludo tão fácil,
Não me vendo por tão pouco.
Quero mais da vida
Quero mais de mim.

Confidente do tempo



E o tempo passa.
O que não passa é minha ansiedade.
Coisa que dilacera a alma.
Monstro maior que o mar.

E o tempo passa,
O que não passa é minha impaciência,
Corroe meu coração
Transforma o viver num dilema

Vago nas veredas do imaginário
Tentando iludir os segundos
Certo da inutilidade, mas confiante do ato

Sou convincente ao afirmar
Que dele faço amigo;
Confidente do tempo que me arrasta e trai!

Hipocrisia



Hoje um cometa
passou pela Terra, quer dizer, bem perto dela,porém somente eu senti sua presença...ele na verdade me viu e chamou minha atenção:
-Ei humanozinho, quais são suas últimas palavras, vou acabar com seu planeta daqui uns segundos.
Parei pra pensar...o que diria eu..justo eu frente a uma hecatombe dessa?Suplicar,cair de joelhos e pedir pra que não fizesse o que ele estava prestes a fazer?Gritar a todos que se protegessem,besteira pura.Olhei pro alto,lógico, e falei :
-Olha, eu poderia falar um monte de coisas e talvez até tentar te convencer a não dizimar esse povo todo, esse planeta.Mas quem sou eu....e outra, olha em volta...tá vendo aquele cara dentro de um lugar chamado Casa Branca(o cometa falava portugues...rsrs)o estrago que ele faz a cada palavra proferida é pior que o estrago que você faria.Tá vendo o que resta de verde no nosso mundo , e o tanto de agua potável...pois é...lixo atômico, acumulo de poluentes enfim uma porrada de coisas que se você der cabo desse mundinho agora, estaria fazendo um favor de adiantar o inevitável.
-Realmente, o que mata é essa dita hipocrisia aí em baixo...~
-Pois é, tem uma frase num livro muito famoso que fala de um homem tambem muito famoso que antes de ser morto disse ao pai maior:"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!"
é uma das frases mais hipócritas, os algozes de Jesus sabiam o que estavam fazendo.
Todos os dias acordamos e mostramos toda nossa hipocrisia no bom dia,de segunda a segunda feira, e em todas as sextas-feiras ao fim do expediente ao desejar um bom fim de semana.
Aguçamos nossa hipocrisia ao reclamar do preço da gasolina ao preço do frango;fechamos nossos olhos aos erros e dos erros apontados a nós fazemos ouvidos moucos...
-Pobre povo o teu, que morre com um cancer como esse.-disse o cometa.
E como por encanto ou dó, foi aos poucos mudando o seu rumo...deu pra ver ainda seu semblante olhando piedosamente pra mim,dando adeus e tentando pegar uma carona em seu rabo.....fiquei por aqui como hipócrita que também sou!

Salvamento

Começo agora a salvar o que estava no meu antigo blog...parece até coisa de quem não tem o que escrever e faz um compendio com seus trabalhos mais antigos ...muitos escritores "profissionais" fazem isso quando estão na entresafra ou não estão no seu momento de processo criativo.Pelo menos apredi alguma coisa com os "profissionais"...rsrs